Nós, os crescidos, também já fomos crianças.

Um dia, uns mais tarde, outros mais cedo, nós, os crescidos, também acreditámos em tudo o que hoje acreditas.

Um dia, uns mais tarde, outros mais cedo, acabámos por perceber que afinal mentir nos prejudicava mais do que aos outros.
Duvidas ?
Supõe que eu agora te dizia que a ideia original desta história era minha e um dia mais tarde tu ias descobrir que afinal o autor foi... Carlo Collodi.
Pois, o prejudicado era eu...
Um dia, uns mais tarde, outros mais cedo, pensámos que era tão bom existirem fadas lindissimas que nos faziam magias para todas as coisas que desejávamos e depois descobrimos que era muito melhor sermos nós a construir o nosso destino.
Duvidas ?
Supõe que eu, quando adaptei e encenei esta peça infantil para que hoje tu a pudesses ver, em vez de ter pegado na caneta, pensar no que queria fazer, em vez de ter ideias e passá-las para o papel, eu não fazia nada disso e ficava à espera que alguma coisa aparecesse feita.
Pois, o prejudicado era eu...

Tens aqui um Grilo Falante, que tu tão bem conheces, muito cómico mas que nos ensina uma coisa muito interessante: não custa nada ajudar quem precisa, nem que nos caia à frente de um momento para o outro.
Tens aqui uma Fada que te ajuda, não com magias, mas com o desafio de acreditares em ti próprio, seres melhor para ti e para os outros e cresceres percebendo que não vives sozinho.
Tens aqui um pai engenhoso que, como todos os pais, também sonhou ter um filho à medida da sua imaginação mas que afinal, sendo de madeira, também tem defeitos... Como os filhos de carne e osso.
Tens aqui dois espertalhões que, com alguma piada, acabam por aprender uma grande lição: não se deve enganar ninguém porque isso é muito feio e até porque, demore mais ou menos tempo, a verdade acaba sempre por se descobrir porque ela é que está certa.
E tens aqui este Pinoquio. No original é ingénuo, observador e curioso. Aqu, é tudo isso mas mais observador, mais consciente e, sobretudo, com mais vontade própria. Espero que não te zangues comigo por isso...

Nós, os crescidos, ainda um dia havemos de descobrir que às vezes faz bem sermos crianças...




Interpretação: Ana Paula Almeida, Carlos Paiva, Fernando Tavares Marques, João Pinho, Miguel de Almeida e Monica Martins; Baseado no texto original de: Carlo Collodi; Adaptação teatral: Filipe Almeida; Letras: Filipe Almeida; Banda Sonora: Luís Macedo; Direcção Musical: Luís Macedo; Cenografia e adereços: Carlos Paiva; Execução Cenográfica: Carlos Paiva; Som (gravação): Luís Macedo; Som (execução): Fernando Dias; Luminotecnia, Audiovisual e Filmagens: Filipe Almeida; Guarda Roupa: Odete Neto; Figurinos: Paula Guerra; Execução de Figurinos: Paula Guerra; Programa: Filipe Almeida; Cartaz: Ana Bolhão; Coreografia "RAP do Grilo Tagarela": Rita Trindade; Administrativa: Fatima Morais; Encenação: Filipe Almeida; Coordenação Geral: Armando Caldas